Texto: Carla Gavilan
Após ficar em situação de rua por algumas semanas na Capital, Ana* conseguiu uma vaga na Unidade de Acolhimento da Família (UAIFA), onde encontrou o atendimento da Defensoria Pública de MS e se sentiu fortalecida para iniciar os primeiros passos do que ela chama de “uma nova vida”.
“Eu tenho uma profissão, sou técnica em enfermagem, sempre trabalhei e tive minha independência financeira”, relatou no atendimento da Defensoria, realizado nessa sexta-feira (3), com a Van dos Direitos.
“Mas tudo mudou com a dependência do álcool, infelizmente”, conta. “Foi ficando pouco só a bebida e, cada vez mais, me vi precisando de outras substâncias também”, complementa a assistida, que fez questão de registrar ser mãe de uma jovem universitária.
“Minha filha passou em primeiro lugar em uma universidade pública em Dourados, faz estágio e gosta muito de estudar. Tudo que quero é voltar a trabalhar, fazer meu tratamento certinho e retomar a mulher que eu sempre fui”, pontua determinada, enfatizando que já recebe atendimento do Caps (Centros de Atenção Psicossocial).
A assistida foi atendida pela coordenadora do Núcleo de Direitos Humanos (Nudedh) da Defensoria Pública, Thaisa Raquel Defante, responsável pela ação no local.
“Essa unidade tem inúmeros usuários e é afastada da região central de Campo Grande, fica aqui no Parque dos Poderes, por isso, a importância de estarmos aqui para alcançarmos a população que, apesar do acolhimento, está na verdade em situação de rua”, destaca.
Venezuelana, Fátima está há alguns dias na unidade com o filho Antônio e passou pelo atendimento da Defensoria para receber orientações.
“Estávamos em Corumbá e viemos para Campo Grande em busca de regularizar nossa situação. Só temos cópia dos nossos documentos, não temos os originais, perdemos tudo no período que ficamos na rua e casas de acolhimento. Quero ver como fazer os documentos, meus e do meu filho, e se posso ter atendimento de saúde”, disse a assistida, atendida também pela Defensoria Pública da União, que participou do evento.
O atendimento da Van dos Direitos aconteceu das 16h às 20h, teve a atuação do coordenador do Núcleo Criminal (Nucrim), Daniel Calemes, servidoras e servidores.
“Tivemos o cuidado de organizar a vinda em um horário conforme a rotina dessas pessoas, pois muitas trabalham e retornam nesse período. Foi bastante produtivo, e registramos casos complexos e de diversas áreas”, ressalta a coordenadora Thaisa Defante.
* Os nomes das assistidas nessa notícia foram alterados para preservar as suas identidades.