Texto: Guilherme Henri
A participação do movimento social na construção da política das pessoas em situação de rua e o Colaboratório Nacional POP Rua marcaram a tarde de evento do Seminário “Caminhos para a Inclusão: Dignidade e Direito” para a População em Situação de Rua, da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul.
A segunda etapa do seminário iniciou com a discussão das políticas públicas, entre Samuel Rodrigues e Sueli Oliveira, integrantes do Comitê Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Política Nacional para População em Situação de Rua (CIAMP Rua). A mediação ficou a cargo da defensora pública de Miranda, Maria Clara de Moraes Porfírio.
“O pouco da articulação, luta política e movimentos sérios me permitiram deixar a situação de rua. O verdadeiro movimento acontece a partir do momento em que as pessoas em situação de rua são chamadas para participar de reuniões, são chamadas para debates para que, de fato, ações efetivas sejam construídas”, disse Samuel.
Na sequência, Sueli aproveitou o diálogo para lembrar que “ser mulher e estar em situação de rua é muito pior do que ser homem, devido ao risco dos estupros”, destaca Sueli.
Colaboratório Nacional
A segunda mesa de debate da tarde foi comporta pela palestrante Stella Gomes Alves dos Santos, coordenadora da Escola Nacional Pop Rua, e Taciana Madruga Schnornberger, articuladora da Rede Nacional de trabalhadores de Consultórios na/de Rua. O mediador foi o defensor público de Dourados, Reginaldo Marinho da Silva.
“Não tem como eu educar e qualificar uma pessoa se eu não trabalhar a moralidade dela. O que quero dizer é que, um profissional da saúde ou mesmo da assistência social que atua na temática da pessoa em situação de rua há muitos anos, é um profissional rígido, muitas vezes, em sua maneira de atuar e não está disposto a mudar suas técnicas. Então, precisamos pensar em levar essa educação aos profissionais que ainda não estão no mercado, ou seja, levar esse debate para as universidades”, pontua Stella.
Já Taciana lembrou que “a Escola Nacional Pop Rua é um sonho antigo do movimento e atua de forma descentralizar os espaços de troca, formação, escuta, conversação e o mais importante: um ambiente de escuta. Isso para que possa ser fomentado, cada vez mais, o assunto e assim possibilitar o surgimento de novas lideranças”.
Centro POP, Consultório da Rua e Águia Morena
Após o painel, representantes Centro POP, Consultório da Rua e Águia Morena apresentaram o trabalho que desempenham em Campo Grande.
“A associação Água Morena de redução de danos é uma organização não governamental que atua há 22 anos na promoção de saúde e na defesa dos direitos humanos das pessoas em situação de vulnerabilidade social, sendo principalmente as pessoas que estão em situação de rua e recorrem à substância psicoativa. Na prática, trabalhamos com a distribuição de insumos, com maior foco em locais com maior concentração de pessoas”, detalha o representante da associação, Kedney Araújo.
Praticas exitosas
Por fim, a defensora pública de Mato Grosso, Rosana Esteves Monteiro Sotto Mayor, apresentou as práticas exitosas do Estado em relação à temática. A coordenadora do Núcleo de Atenção à Saúde (NAS), defensora pública Eni Maria Sezerino Diniz, mediou a mesa.
“Há uma escolha por uma política higienista no nosso país. Quando a gente fala em pessoa em situação de rua, o senso comum da sociedade fala em desocupado, vagabundo, noiado e não quer saber de fazer nada. Contudo, o problema da violação de direitos é estrutural a medida em que a grande maioria dessas pessoas está em situação de pobreza e miséria extrema”, pontuou a defensora do MT.
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