Texto: Guilherme Henri
A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, por meio do Núcleo de Defesa da Mulher (Nudem) e Escola Superior (ESDP), realizou o debate “Elas por Elas” em alusão do Dia Internacional da Mulher.
O evento foi realizado na sexta-feira (22), na ESDP e contou com a participação de defensoras públicas atuantes na temática de defesa da mulher na Capital e interior.
Na abertura, a primeira subdefensora-geral reforçou a importância do debate.
“Estes eventos são de extrema necessidade para que tenhamos voz; voz essa para que não sejamos calados diante de uma violência sofrida ou mesmo diante de uma violência sofrida por uma familiar, amiga, irmã ou desconhecida”, diz.
Em seguida, a coordenadora do Nudem, defensora pública de 2ª Instância, Zeliana Luzia Delarissa Sabala, destacou que, o objetivo do evento é o de promover o debate sobre a violência contra a mulher em suas várias formas que, vai desde uma violência doméstica em um ambiente familiar a violência política de gênero, a sexual e violência institucional.
“A escolha de convidar defensoras públicas para o debate é justamente dar luz para as violências institucionais que essas mulheres enfrentam todos os dias em seus gabinetes, além das que precisam atender em relação a nossa assistida”, pontua a coordenadora.
Debate
A mesa de debates foi aberta pela defensora pública de Anaurilândia, Pollyana Siqueira de Oliveira, com a temática da violência institucional.
“Esse tipo de violência passa geralmente despercebido pelo dia a dia e nós mulheres também estão suscetíveis a ela, principalmente quando somos preteridas como, por exemplo, na diferença salarial, quando a mulher não é promovida ou mesmo quando seu relato não é considerado”, explica.
Já a defensora pública de Brasilândia, Sara Zam Segura Marçal, discorreu sobre o direito a licença maternidade.
“A licença maternidade ainda é enxergada como um privilégio por muitos e não pelo direito que realmente é. Um exemplo claro disso, é uma mulher que ocupa um espaço no mercado de trabalho e precisa escutar no seu dia a dia quando está grávida de que ‘irá tirar férias’”, afirma.
Na sequência, a defensora pública de Naviraí, Denise Banci dos Santos Cocaroli, discutiu sobre o funcionamento adequado da rede de proteção da mulher vítima da violência de gênero e o caso polêmico da violência política que aconteceu no município que é lotada.
“Dias depois do Dia Internacional da Mulher, um vereador do município utilizou seu tempo na tribuna para atacar a competência da prefeita da cidade por seu gênero. A fala gerou revolta e muita indignação, por agredir de maneira massiva a mulher. A Defensoria acompanha os desdobramentos”, pontuou.
A defensora pública de Dourados, Inês Batisti Dantas Vieira, trouxe a luz no debate na temática das mulheres indígenas.
“Impossível falar de violência de gênero sem mencionar a mulher indígena. Mulheres essas que se houvesse um ranking das violências com certeza figurariam nos topos das listas, ao sofrerem praticamente todas as já listadas aqui. O real problema começa no acesso dessa mulher aos órgãos públicos de proteção, como a Defensoria ou mesmo uma delegacia, que lhe é cerceado, seja pela distância, falta de uma linha de ônibus ou poder aquisitivo que a impede de denunciar ou buscar ajuda”, reflete a defensora.
Em seguida, a defensora pública do Nudem, Thais Dominato Silva Teixeira, discorreu sobre a violência de obstétrica.
“Essa violência tem duas raízes que são: a utilização arbitrária do saber por parte dos profissionais da saúde e culturalmente a relação médico/ paciente em que, é impossível contestar esse profissional. Estamos falando de direitos e não de um mero capricho da mulher, isso, quando nos referimos ao direito a um acompanhante, do poder de escolha da maneira que seu parto será conduzido”, ressalta.
Por fim, a defensora pública de 2ª Instância, Nancy Gomes de Carvalho, lembrou a luta histórica e pioneira da Defensoria Pública de MS na defesa da mulher vítima de violência de gênero.
“Todas as violências contra a mulher têm algo em comum! Todas ofendem a dignidade da pessoa humana, ou seja, todas as pessoas deveriam se importar. E nesse contexto, é importante lembrarmos que a Defensoria Pública de MS foi a segunda instituição a ser criada no país. Além disso, foi a primeira a criar a defesa contra a mulher, ou seja, somos pioneiros nessa luta”, completa.
Assista o evento completo aqui.