Servidora Priscila Caetano Amorim explica que entrou na lista prioritária porque frequenta assiduamente a aldeia.
Texto: Carla Gavilan Carvalho Nantes
“Fazemos tudo de um modo muito comunitário, então a vacina está trazendo a esperança de darmos continuidade aos nossos projetos e rituais em comunidade”. É o que afirma a Priscila Caetano Amorim, auxiliar de atendimento do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Povos Indígenas e da Igualdade Racial e Étnica (Nupiir).
Indígena da aldeia Córrego Seco, localizada em Aquidauana, a estudante de Direito é a primeira servidora da Defensoria Pública de MS a ser imunizada.
Vacinada no dia 22 de janeiro junto com os demais indígenas da aldeia, conforme orientação da Sesau, a servidora explica que entrou na lista prioritária porque frequenta assiduamente a aldeia onde residem seus familiares e ser, então, considerada uma aldeã.
Universitária da UFMS, Priscila fala o quanto o novo coronavírus tem afetado sua comunidade.
Servidora indígena da Defensoria Pública de MS com a equipe de vacinação na aldeia Córrego Seco.
“Da região, a minha aldeia foi a última a ter casos de covid-19. O primeiro ocorreu em novembro, enquanto nas aldeias vizinhas já tinham registros desde julho, mas quando chegou levou muitas pessoas, desestabilizou emocionalmente todas as famílias, porque na nossa tradição não somos parentes somente dos mais próximos, se for indígena já nosso parente, se morreu, é uma dor coletiva. Mas sem dúvida a maior perda são os idosos, que passam os ensinamentos da nossa cultura. Vários não resistiram", explica.
Para a coordenadora do Nupiir, defensora pública de Segunda Instância Neyla Ferreira Mendes, a notícia da vacinação da servidora foi recebida com grande alívio.
Coordenadora do Nupiir, defensora pública de Segunda Instância Neyla Ferreira Mendes.
“O impacto da covid-19 nas aldeias indígenas é devastador tanto pelas questões sociais quanto genéticas, por isso estão nos grupos prioritários e é de suma importância que todos se vacinem. A nossa servidora indígena ter recebido a primeira dose da Coronavac e já ter uma data para tomar a segunda dose é uma luz no fim do túnel, para essas populações e para todos nós”, afirma.