“A minha filha nasceu para mim com 2 anos, 6 meses e 20 dias. Parece que sempre esteve comigo. Temos uma vida toda pela frente para construir memórias afetivas, e é nisso que me esforço todos os dias. Então, se eu puder dar um conselho a quem lê diria: ganhe filhos! Filhos biológicos ou por adoção são o tempero da vida”.
A mensagem e também dica de vida, no Dia Nacional da Adoção – 25 de maio, é da defensora pública Patrícia Feitosa de Lima, mãe da pequena e muito sorridente Maria Nayara.
Porém, para esta família, a data vai muito além do que já descreve. É também quando tudo começou entre as duas.
A defensora pública conta que teve o privilégio de nascer em uma família cercada de amor de todas as maneiras. Uma delas é a de adoção, o que para ela sempre foi tratado com a naturalidade que é.
Os anos se passaram e Patrícia conquistou o que já satisfaria a maioria: a completa independência e de quebra em uma carreira que permite ajudar quem precisa. Mas a defensora sentia que tinha vocação para muito mais: amar incondicionalmente e contribuir na criação de um ser humano bom e que um dia faria a diferença onde estivesse.
Solteira, em 2017 tomou a decisão que a faria renascer: adotar uma criança. “Conversei com a minha família e amigos mais próximos. Em seguida, dei o primeiro passo, que foi procurar a Justiça para me habilitar para a adoção”, detalha a defensora.
Patrícia fez um curso durante dois meses. Neste período, a defensora teve mais certeza ainda que adotaria uma criança, tanto que deixou toda a sua casa preparada e não colocou preferências como etnia em seu cadastro.
O destino, claro que fez o seu papel. A defensora pública terminou o curso justamente no dia do seu aniversário, em agosto, data também que devidamente foi habilitada a adotar uma criança.
Os dias se passaram e em maio de 2018 ela recebeu a ligação que mudaria a sua vida: “temos uma criança com seu perfil”. “Era uma sexta-feira e eu estava trabalhando. Meu coração disparou. Na tarde daquele mesmo dia fui até a casa de acolhimento onde soube a história da minha menina. Nosso primeiro encontro já foi marcado para o dia seguinte. Um dia lindo, de muito sol, igualzinho ao rosto da Maria Nayara, que eu gosto de chamar de sunshine (no português: luz do sol)”, descreve a defensora.
Mas claro que toda história tem os seus percalços. Patrícia diz que a sua menina era muito tímida e quase não falava. O que as ajudou a “quebrar o gelo” neste primeiro encontro foi o brinquedo gira-gira, que a pequena Maria Nayara fez questão de convidar para uma brincadeira. “Ela sorriu. Sorriu com todo o rosto. Era a minha filha”, detalha.
Após outros encontros, Patrícia foi orientada de que finalmente poderia levar Maria Nayara para casa, onde as duas construiriam memórias afetivas juntas. “Como toda mãe tirei licença maternidade. Foram os meses mais bem vividos de toda a minha vida. O tempo serviu para que a gente se conectasse. Isso é a adoção, construir memórias de mais puro amor e se doar. A Maria Nayara fez com que eu renascesse”, afirma.
Hoje, a família comemora um ano em que “nasceu” e a defensora pública faz questão de frisar o recado acima de “ganhe, crie filhos. É a coisa mais linda que um ser humano pode fazer, ao deixar alguém bom no mundo”.
Podemos te ajudar
A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul é atuante em processos de adoção nas suas várias formas, como a de Patrícia, por meio de um cadastro ou mesmo a socioafetiva, quando já se possui um vínculo. Há também casos onde a família pode requerer a adoção até mesmo após a morte de alguém da família.
Orientações de como proceder podem ser obtidas na Unidade Belmar, localizada na Rua Arthur Jorge, 779, no Centro de Campo Grande.
Números
Em Mato Grosso do Sul, conforme levantamento do Cadastro Nacional de Adoção, existe o total de 336 crianças prontas para ganharem um novo lar. Delas, a maioria é negra ou parda (196).