Grupo de mães atípicas e membros da Defensoria na inauguração do espaço sensorial no NAS. (Foto: Vitor Ilis)
Texto: Vitor Ilis
Uma nova iniciativa inaugurada pelo Núcleo de Atenção à Saúde (NAS), da Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, promete transformar a experiência de espera por atendimento para famílias de crianças atípicas. O Espaço Sensorial Acolhedor foi entregue na última sexta-feira (5) e representa mais do que uma estrutura física: simboliza a escuta ativa de um grupo de mães que, desde o início do ano, busca apoio institucional para enfrentar o descaso e o vazio assistencial na saúde pública.
A demanda surgiu em janeiro de 2025, quando um grupo de mães atípicas procurou a Defensoria para relatar dificuldades no cumprimento de decisões judiciais e na obtenção de insumos básicos, como fraldas, dietas especiais e consultas especializadas. A partir desses relatos, o NAS iniciou uma série de reuniões para compreender as necessidades dessas famílias e articular soluções menos burocráticas.
Acolhimento e Dignidade
Espaço Acolhedor para crianças fica no saguão da unidade da Defensoria que abriga o NAS. (Foto: Vitor Ilis)
Durante a cerimônia de abertura, a coordenadora do NAS, defensora pública Eni Maria Sezerino Diniz, destacou que o espaço integra o "Projeto Acolhe: Defensoria Pública pelo Cuidado em Rede". A ação engloba desde capacitações internas até mutirões de atendimento e apoio psicossocial aos cuidadores, majoritariamente mulheres.
"O Projeto Acolhe da DP será o lugar de fala das famílias atípicas - aqui não é lugar de silêncio, aqui é o local de ampliação de suas vozes e assim o será feito. Não é favor, é direito e este é um local de proteção de direitos. Esse projeto reúne um conjunto articulado de iniciativas, como o censo para identificação das famílias atípicas em situação de vulnerabilidade, já com 140 famílias cadastradas, das quais 107 as mães são responsáveis (76%)".
Coordenadora do NAS, defensora pública Eni Diniz. (Foto: Vitor Ilis)
Representando o defensor público-geral, Pedro Paulo Gasparini, o assessor para Assuntos Institucionais, defensor público Mateus Sutana, reforçou o caráter humanitário da iniciativa. Ele pontuou que o espaço oferece dignidade para que mães e pais possam buscar seus direitos com a tranquilidade de que seus filhos estão em um ambiente seguro e adaptado.
"É um projeto que tem tudo para crescer, para se expandir para as demais unidades. Porque lida diretamente com os direitos humanos das mães, muitas vezes silenciadas, menosprezadas em seus discursos, em suas dores, em suas agonias, porque no fundo, só as mães atípicas sabem a dor que carregam e as dificuldades que carregam”.
Assessor para Assuntos Institucionais, defensor público Mateus Sutana. (Foto: Vitor Ilis)
Parceria e Estrutura
O ambiente foi desenvolvido em parceria com a terapeuta ocupacional Mayza dos Reis Rodrigues e contou com a doação de brinquedos pela médica Kelly Schneider, especialista em neurodesenvolvimento e saúde mental.
Teraputa ocupacional Mayza Rodrigues durante inauguração. (Foto: Vitor Ilis)
A iniciativa também conta com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde (Sesau). A assessora de gabinete Giany da Costa, representou a pasta na solenidade e ressaltou a importância da colaboração institucional para aprimorar os fluxos de atendimento.
"A inauguração deste espaço sensorial é um marco importante, construído com dedicação, parceria e um olhar muito atento ao acolhimento das famílias que utilizam os serviços do NAS. A Sesau e a Defensoria têm atuado de maneira muito próxima, construindo soluções conjuntas para aprimorar o acesso e organizar os fluxos de atendimento na área da saúde".
Assessora de gabinente da Sesau, Giany da Costa. (Foto: Vitor Ilis)
Giany mencionou ainda a criação do Núcleo de Apoio às Mães Atípicas (NAMA) pela Prefeitura, que visa agilizar o atendimento administrativo e evitar deslocamentos desnecessários, em alinhamento com as ações da Defensoria.
Espaço sendo utilizado por criança durante solenidade de inauguração. (Foto: Vitor Ilis)
Público presente durante inauguração. (Foto: Vitor Ilis)

