Nesta quarta-feira (8), comemora-se o Dia Internacional das Mulheres. A ideia de se fixar uma data como política afirmativa dos direitos surgiu no contexto da Revolução Industrial e da Primeira Guerra Mundial, no início do século XX, quando a mão-de-obra feminina foi incorporada às indústrias de forma massificada. Em 1977, a Organização das Nações Unidas declarou o 8 de março como homenagem às lutas feministas por igualdade, justiça e respeito.
Mais de 100 anos depois, as mulheres seguem em condição de desigualdade nas relações de trabalho, social e afetiva. No âmbito da vida profissional, uma pesquisa divulgada nessa terça-feira (7), pela Catho, mostrou que elas ganham menos do que os homens em todos os cargos. Nas funções operacionais, por exemplo, a diferença entre os salários chega a 58%.
Outra pesquisa divulgada hoje aponta que dois em cada três brasileiros dizem ter presenciado algum ato de violência física ou verbal contra uma mulher em sua comunidade durante 2016. Os números são da análise do Datafolha encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Os dados mostram que as pessoas já viram:
51% de homens abordando mulheres na rua de forma desrespeitosa;
43% de homens humilhando, xingando e ameaçando companheiras;
44% de homens discutindo ou se agredindo por causa de ciúmes;
37% de mulheres da vizinhança sendo ameaçadas por companheiros;
37% de mulheres sendo agredidas por pelos companheiros;
30% de meninas ou moças sendo agredidas por parentes.
A mesma instituição, em outro levantamento a pedido do Fórum, descobriu que no ano passado 503 mulheres foram vítimas de agressão física a cada hora no Brasil. Isso corresponde a 4,4 milhões de mulheres ou 9% do total das maiores de 16 anos. Considerando as agressões verbais, o percentual sobe para 29%.
Esse alto índice de violência de gênero chega à Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul diariamente por meio do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem).
Em 2016, o Núcleo atendeu 9.042 mulheres vivendo em situação de violência de gênero em Campo Grande. Mais de 2.500 atendimentos em comparação ao ano de 2015.
Educação como solução
Uma das principais frentes de atuação do Núcleo é pela educação em direitos. No ano passado foram realizadas diversas atividades para levar informações sobre igualdade de gênero, Lei Maria da Penha e outros temas envolvendo direitos das mulheres por meio de palestras, capacitações e cursos na Capital e no interior do Estado.
Aconteceram também duas audiências públicas com os temas “cultura do estupro” e “violência contra a mulher na mídia”, de onde foram extraídas importantes propostas que serviram para nortear alguns dos eixos de atuação de 2017.
Entre eles, está o workshop que acontece nesta sexta-feira (10), com o tema ‘Por uma escola mais democrática – pensando masculinidades e feminilidades’. O objetivo é promover a igualdade entre os gêneros no ambiente escolar. Entre os palestrantes, está a representante da Onu Mulheres, Vanessa do Nascimento Fonseca.
Há ainda a cartilha sobre a Lei Maria da Penha traduzida para os idiomas indígenas Guarani e Terena, que está sendo distribuída nas aldeias do Estado. Já foram alcançadas comunidades de Amambai, Caarapó e Dourados.
Também no interior, o Nudem, com o auxílio da equipe psicossocial, desenvolveu diversas capacitações a fim de estender os trabalhos realizados na Capital, promovendo uma aproximação com toda a rede de atendimento à mulher vítima de violência.
O Núcleo realiza atendimentos todos os dias na Unidade Horto da Defensoria Pública (Rua Joel Dibo, 238, Centro) e na Casa da Mulher Brasileira (Rua Brasília, Lote A, Quadra 2, s/n, Jardim Ima). Para denúncias e orientações sobre direitos também é possível ligar para o número 180.