Defensor público-geral, Pedro Paulo Gasparini e presidente do IBDFAM Ana Madeiros. (Foto: Arquivo/ DPEMS)
Texto: Guilherme Henri
A Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul firmou um convênio com o Instituto Brasileiro de Direito de Família (Ibdfam) e o Comitê de Mulheres e Psicanálise da Associação Psicanalítica Internacional (Cowap/IPA) para oferecer atendimento psicológico especializado a mulheres em situação de violência doméstica e familiar.
Conforme a coordenadora do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres (Nudem) da Defensoria, Zeliana Luzia Delarissa Sabala, a principal necessidade é atender mulheres em situações de vulnerabilidade extrema, muitas vezes agravadas pela falta de recursos psicológicos suficientes.
“O atendimento psicológico é uma parte fundamental para a recuperação desse público. Porém, o serviço atualmente oferecido pelo Estado, através do Seanca, não é suficiente para lidar com a complexidade de muitos casos. A parceria com o Ibdfam e a Coap tem o objetivo de suprir essa lacuna e oferecer um apoio contínuo”, destacou.
Além disso, a coordenadora detalha que a iniciativa será fundamental para atender de forma emergencial as mulheres que chegam à Defensoria com traumas psicológicos profundos e que não podem esperar por longas filas de atendimento.
“A mulher que chega até nós precisando de suporte psicológico imediato será encaminhada para o serviço de psicologia oferecido pela parceria, onde receberá acompanhamento durante um período determinado, com um feedback contínuo sobre seu progresso”, explicou.
O convênio foi firmado após articulação da Getora de Projetos e Convênios da Defensoria, defensora pública de 2ª Instância Renata Gomes Bernardes Leal.
“O objetivo é garantir que a mulher tenha o tempo necessário para se fortalecer e, finalmente, romper o ciclo de violência”, afirma.
Parceria
Michelle Zompero, psicóloga clínica e jurídica, doutoranda pela USP e presidente da Comissão de Psicologia Jurídica do IBDFAM-MS, detalhou como surgiu a ideia para o projeto.
“Percebemos a necessidade de desmistificar a atuação da Psicologia Jurídica, que muitas vezes é limitada a avaliações e laudos, e apresentar um trabalho que vai além, atuando diretamente na promoção de direitos humanos e no combate à violência. Foi com esse foco que propusemos o projeto à Defensoria”, afirmou.
O projeto será executado por psicanalistas do Grupo de Atendimento Clínico (GAC) vinculado ao Comitê de Mulheres e Psicanálise, com experiência no atendimento emergencial de mulheres vítimas de violência familiar.
O GAC já tem parcerias em outros estados e se dedica ao tratamento psicológico de vítimas em situações de trauma extremo.
“A ideia é oferecer um atendimento psicológico especializado, que vá além do tratamento clínico, e envolva um trabalho interdisciplinar com outros serviços de apoio. Esse atendimento emergencial pode ser crucial para mulheres que enfrentam situações gravíssimas, como aquelas hospitalizadas devido à violência sofrida”, explicou Michelle.
Além do atendimento psicológico, as advogadas Allana Queiróz e Cláudia Moura, membros da Comissão de Psicologia Jurídica do IBDFAM-MS, irão fornecer orientação jurídica para a equipe, garantindo um entendimento claro dos direitos das vítimas e contribuindo para seu empoderamento.
A coordenadora do GAC, Rosa Sender Lang, também psicanalista e membro da SPRJ, destacou a importância do projeto, que visa não só tratar as feridas psicológicas, mas também fortalecer as vítimas para que possam reconstruir suas vidas longe do ciclo de violência.
“O foco é proporcionar um atendimento que ajude essas mulheres a entenderem seus direitos e a perceberem que a violência não deve ser normalizada, mesmo que tenha sido uma constante em suas histórias familiares”, concluiu.