Defensor público-geral e coordenadora do Nudem receberam parlamentares e lideranças de associações e coletivos feministas de MS.
Texto: Carla Gavilan
O defensor público-geral Pedro Paulo Gasparini, acompanhado da coordenadora do Nudem, Zeliana Sabala, recebeu, nessa segunda-feira (10), a vereadora Luiza Ribeiro, a deputada estadual Gleice Jane e representantes de movimentos sociais para uma reunião sobre o atendimento às mulheres vítimas de violência.
O encontro aconteceu na sede da Defensoria-Geral, em Campo Grande, onde todas as participantes destacaram suas atuações à frente das associações, movimentos e coletivos de Campo Grande e Mato Grosso do Sul.
Na reunião, a vereadora Luíza explicou que a pauta da agenda é motivada pelos casos alarmantes de feminicídio registrados nos primeiros meses de 2025 em Mato Grosso do Sul.
“Há algum tempo existe um consenso entre os movimentos sociais e representações que estão aqui hoje de que há problemas que devem ser resolvidos na rede de atendimento à mulher vítima de violência doméstica e, por isso, estamos buscando as instituições para que possamos resolver e melhorar essa realidade tão triste que estamos vivendo”, disse.
A deputada Gleice Jane complementou que a proposta das visitas é também para que as instituições promovam o aperfeiçoamento na rede de enfrentamento junto às necessidades apresentadas pelas lideranças.
“Apesar de estarmos com essa programação muito voltada aos recentes casos de feminicídios, nós atuamos com esse grupo há décadas”, falou.
Reunião teve participação de parlamentares e representantes de associações e coletivos feministas.
Ladielly Souza, que participou do encontro representando a deputada federal Camila Jara, destacou a preocupação do Mato Grosso do Sul ocupar um ranking tão expressivo de casos de feminicídio e ser reconhecido nacionalmente como o lugar mais perigoso para uma mulher viver.
Seila Aparecida Feitosa, representante do movimento de Mães de vítimas de feminicídio, contou sobre o assassinato de sua filha e seu neto, as dificuldades enfrentadas para ter informações do caso e como outras mães passaram a se aproximar dela e formar o movimento por causa dos mesmos desafios.
Encontro com representantes aconteceu na sede da Defensoria Pública-Geral.
Representando a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e o Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres, Cléo Bortolli expôs o quanto as trabalhadoras que são mães têm sido prejudicadas profissionalmente por não conseguirem o básico para seus filhos, como vagas em creches.
Fabiana Machado, do Movimento Marcha Mundial de Mulheres, ressaltou a importância dos trabalhos realizados em parceria com a Defensoria Pública de MS no enfrentamento à violência de gênero em MS.
A violência contra as mulheres negras foi pontuada por Bartolina Ramalho Catanante, do Grupo de Estudos e Trabalho Zumbi (TEZ), que reforçou o quanto os casos de violência de gênero ocorrem em maior quantidade contra esse público e, principalmente, entre as mulheres já em situação de vulnerabilidade.
Kensy Palácio, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais de (Antra/MS), comentou a relevância da atuação da Defensoria voltada aos direitos das mulheres atendidas pela associação, e também relatou como a transfobia registrada em Mato Grosso do Sul reforça os obstáculos sociais e históricos enfrentados por esse grupo de pessoas.
O trabalho da visibilidade dos casos de violência doméstica contra as mulheres indígenas foi mostrado por Mirian Terena, do Coletivo Kaguateca, ao evidenciar as especificidades de enfrentamento, acesso à informação e acolhimento desse público.
A coordenadora do Nudem esclareceu que o núcleo acompanha as demandas apresentadas no encontro, tem mantido uma agenda ativa junto às representações e reforçado que o núcleo está à disposição das lideranças.
Defensor público-geral na reunião.
O defensor-geral, por sua vez, agradeceu a iniciativa da visita da comitiva, detalhou os serviços da Defensoria voltados à garantia dos direitos das mulheres e enfatizou a ampliação dos locais de atendimento que a instituição tem priorizado nos últimos anos, em Campo Grande.
“A Defensoria não se resume a fazer processos, fazemos, além disso, muito mais, na verdade. A nossa essência é o atendimento à população em situação de vulnerabilidade, como as mulheres vítimas de violência doméstica, e a busca incessante do direito a essas pessoas. E isso não somente em Campo Grande, mas em todo estado, por meio dos nossos atendimentos móveis, unidades instaladas na rede Fácil, participação e realização de mutirões. Tenho convicção de que em conjunto vamos conseguir aperfeiçoar esse triste cenário e estamos à disposição e de portas abertas sempre que precisarem desses encontros”, pontuou Pedro Paulo Gasparini.