Texto: Guilherme Henri
A Defensoria Pública de MS lançou oficialmente o livro reportagem com a história dos 10 anos do Núcleo Institucional de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres, na manhã dessa sexta-feira (18), no auditório do Bioparque Pantanal.
No total, são 206 páginas que contam a história do núcleo, por meio de artigos e reportagens especiais com defensoras públicas de primeira e segunda instâncias que, fizeram e fazem história na defesa das mulheres em situação de vulnerabilidade do Estado.
Na abertura da solenidade, o defensor público-geral, Pedro Paulo Gasparini, pontuou que, ao longo desses 10 anos, o núcleo tem se consolidado como um espaço de acolhimento, proteção e empoderamento das mulheres vítimas de todo tipo de violência de gênero do estado, com a oferta dos serviços de assistência jurídica especializada e integral.
“É com imenso orgulho, alegria e sentimento de otimismo que a Defensoria Pública de MS celebra os 10 Anos do Núcleo de Defesa das Mulheres. Orgulho, porque esta primeira década é resultado de um intenso trabalho anterior, que reflete o compromisso institucional da nossa Defensoria - por meio de muitas defensoras e defensores públicos, servidoras e servidores - com os direitos das mulheres. Uma pauta que está presente nos registros desde a implantação da nossa Defensoria Pública do Estado e que evoluiu, conquistou espaço, normativas, se adaptou às mudanças dos novos tempos e se consolidou nesse corpo de trabalho que é o Nudem. Há poucas semanas, inclusive, alteramos o nome do núcleo, que antes era Núcleo de Defesa da Mulher e, atendendo às especificidades”, disse o defensor-geral.
Os 10 anos
Em seguida, a coordenadora do Nudem, defensora pública de Segunda Instância Zeliana Luzia Delarissa Sabala, apresentou dados sobre feminicídio e ressaltou a vulnerabilidade das mulheres negras e a invisibilidade das mulheres indígenas nas estatísticas.
“Este evento celebra os 10 anos da criação do Nudem, mas o trabalho em prol dos direitos das mulheres começou muito antes. O núcleo atende mulheres de todas as origens, raças e contextos, como mulheres ciganas, do campo, da cidade, cis, trans, negras, indígenas, entre outras. Inclusive, dentro deste recorte ressalto as disparidades raciais nas violências cometidas contra mulheres, segundo dados alarmantes do Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2024, que indicam que a maioria das vítimas de feminicídio são mulheres negras, jovens e mortas em suas próprias casas por parceiros íntimos”, destacou.
Estado
Em sua fala, a secretária de Estado de Assistência Social e Direitos Humanos, Patrícia Elias Cozzolino de Oliveira, ressaltou a relevância do Nudem e a trajetória de mulheres corajosas na defesa dos direitos femininos, lembrando que ainda há muito a fazer em relação à equidade de gênero.
“A Defensoria Pública foi construída com a contribuição de mulheres corajosas. Defensoras, estas, que atuaram em situações de risco, buscavam resgatar mulheres em situações de violência e, mesmo aguerridas e ocupando cargos de poder, enfrentavam e ainda enfrentam desigualdades e diferença no tratamento que recebem em comparação aos homens. Mulheres que precisam lutar mais para serem ouvidas e respeitadas em seus papéis”, ressaltou a secretária representando o governador de MS na cerimônia.
Debate
Após a abertura oficial do evento, a socióloga Vilma Reis ministrou a palestra inaugural abordando os desafios e a resistência na luta contra a violência de gênero e raça/etnia.
“Ao longo da última década, o Nudem se destacou por seu compromisso inabalável em apoiar e empoderar as mulheres que enfrentam situações de violência e opressão. Hoje, somos testemunhas de um movimento que busca não apenas proteger, mas transformar a narrativa em torno da violência. É um movimento que desafia a cultura da vergonha que muitas mulheres sentem ao relatar suas experiências. O Nudem se propõe a inverter esse lado da vergonha, promovendo um espaço seguro onde a dignidade e a voz de cada mulher são respeitadas e valorizadas”, afirmou.
A palestra foi debatida por Jacy Corrêa Curado, e mediada pela defensora pública Renata Camila Corrêa Bravim.