Texto: Carla Gavilan
Somente nos dois primeiros meses de 2024, a Defensoria Pública de MS já registrou 2.622 atendimentos relacionados a saúde em Campo Grande.
Os números são do Núcleo da Saúde (NAS) e mostram, ainda, 188 ações ajuizadas no mesmo período. O equivalente a quase duas por dia. A maioria revela a procura por leito hospitalar.
“Infelizmente, foram necessárias 61 ações pedindo vagas hospitalares, pois não conseguimos extrajudicialmente. É preocupante”, explica a coordenadora, defensora pública Eni Maria Diniz.
Outra procura que chama atenção é por consultas médicas, que teve o ajuizamento de 35 ações este ano e grande procura por oftalmologistas.
Mutirão
Com a maior procura por atendimento na área da saúde, o agendamento entre o assistido e a Defensoria começou a ficar demorado e, por isso, o NAS realizou um mutirão no último sábado (2) com o encaminhamento de 200 casos urgentes.
Um deles é o da senhora Elizete Gomes, que aguarda pela cirurgia de adenoide.
“Preciso retirar porque já bloqueou a respiração do lado direito do meu nariz, tenho dores de cabeça e muito sangramento”, afirma a aposentada.
O mais grave da situação da assistida, conforme explica o defensor público Nilton Marcelo de Camargo, é que o quadro começou a provocar desmaios.
“É uma carne esponjosa avantajada que deve ser removida o mais breve possível, conforme o laudo médico, porque com a falta de oxigenação correta no organismo, ela tem desmaiado e mora sozinha. A cirurgia esbarra na falta de CTI na unidade para onde ela foi encaminhada”, detalha o defensor durante atendimento no mutirão.
A mãe de uma criança de cinco anos também esteve no mutirão porque não consegue fazer um exame.
“Ele tem autismo e precisa de um exame para saber se tem ou não líquido acumulado no cérebro. Isso mudará tudo, o tratamento, a alimentação, o sono, o desenvolvimento dele, e a gente não consegue agendar”, relata a dona de casa, que prefere não se identificar.
Diagnóstico da saúde de Campo Grande
A coordenação do NAS trabalha, a partir de agora, na elaboração de um diagnóstico sobre a alta demanda.
“O mutirão nos permitiu reduzir a espera das assistidas e assistidos. Com o encaminhamento das 200 pessoas nesse sábado, conseguimos reorganizar os agendamentos. Contudo, avaliaremos a situação para entender o que está provocando o aumento da procura desses serviços na Capital, compreender porque a população não está tendo acesso aos serviços de saúde pública. Estávamos com quase 800 pedidos represados na Defensoria em dois meses. É inaceitável”, enfatiza a coordenadora.